Maria da Glória Colucci: Biografia de Cecilia Meireles


AVIPAF (Academia Virtual Internacional de Poesia, Arte e Filosofia)
ACADÊMICA: MARIA DA GLÓRIA COLUCCI
CADEIRA: 09
PATRONESSE: CECÍLIA MEIRELES
BRASIL

Cecília Meireles  (1901-1964)

Nascida carioca, “flor da gema”, desde cedo enfrentou perdas na família, sendo criada por sua amorosa avó, Jacinta Garcia Benevides. Desenvolveu apurada sensibilidade que se traduz em seus delicados versos, onde a solidão, o amargor do abandono e o silêncio se tornaram uma constante.
Foi laureada com distinção e louvor na conclusão do curso primário, na Escola Estácio de Sá, tendo recebido medalha de ouro das mãos do grande poeta Olavo Bilac, à época Inspetor Escolar do Rio de Janeiro, nos idos de 1910.
Ao diplomar-se no Curso Normal do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, em 1917, exerceu o magistério primário em escolas do Distrito Federal, destacando-se, simultaneamente, na poesia com as obras “Espectro” (1919), “Nunca mais e Poema dos Poemas” (1923) e “Baladas para El-Rei” (1925).
Como poetisa, professora, jornalista e pintora, guardou discreta vida pessoal, apesar de infortúnios familiares, como o suicídio de seu primeiro marido, o pintor português Fernando Correia Dias, em 1935, com quem teve três filhas.
Sua trajetória cultural se projetou para além do Rio de Janeiro, proferindo palestras em Lisboa e Coimbra e na Universidade do Texas onde lecionou literatura brasileira (1940). Aposentou-se em 1951, mas antes organizou a primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro (1934), recebendo honrarias nacionais e estrangeiras pela sua projeção nas artes, poesia e cultura no Brasil e exterior.
Em 1952, tornou-se Oficial da Ordem de Mérito do Chile; associou-se ao Instituto Vasco da Gama, em Goa, Índia, em 1953; recebendo na Índia, também, o título de Doutora Honoris Causa da Universidade de Délhi.
No Brasil, recebeu destacados prêmios como o conferido em 1939 pela Academia Brasileira de Letras, ao seu livro Viagem; além do Prêmio de Tradução/Teatro, da Associação Paulista de Críticos de Arte (1962); e igualmente, o Prêmio Machado de Assis, pelo conjunto da sua obra, concedido pela Academia Brasileira de Letras (1965), em homenagem póstuma.
Escolas, ruas e logradouros públicos no Brasil e no exterior foram nominados em sua homenagem. Suas poesias e obras foram traduzidas para o espanhol, francês, italiano, inglês, alemão, húngaro, hindu e urdu; além de musicadas e declamadas em teatros, escolas e eventos públicos.
Cecilia Benevides de Carvalho Meireles faleceu no Rio de Janeiro e seu corpo foi velado no Ministério da Educação e Cultura; em 9 de novembro de 1964.1
No “Romanceiro da Inconfidência” (1953), construído em torno dos marcantes eventos históricos do século XVIII, em Vila Rica (MG), elaborou trama poética onde ambição política, traição, violência e repressão viajam entre delicados versos de amor; em que Barbara Eliodora e Marília lamentam seus desgostos e saudades.
Sentimentos religiosos permeiam seus versos, ou mesmo imagens campestres, retratam a delicadeza de seus poemas:

Soluçam as águas
em seu manancial.
E em sedas que foram
de seda e coral
vai rolando um triste
orvalho de sal.2

O viés sutil de seus versos transparece do Romance X ou Da Donzelinha Pobre:

Donzelinha, donzelinha
fecha esses olhos sombrios.
As montanhas são tão altas!
Os ribeiros são tão frios!
O reino de Deus, tão longe
dos humanos desvarios.3


Muito ainda se deixou de dizer sobre Cecília Meireles, o que ficará para outras reflexões futuras.
Maria da Glória Colucci 4


1 Diversos textos bibliográficos, disponibilizados ao domínio público; com destaque para Dilva Frazão e Arnaldo Nogueira Jr.
2.  MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. Romance LIV ou Do enxoval interrompido. 3 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005, p.151.
3. MEIRELES, Cecília. Op.cit; p.34.
4.  Advogada. Mestre em Direito Público pela UFPR. Especialista em Filosofia do Direito pela PUCPR. Professora titular de Teoria do Direito do UNICURITIBA. Professora Emérita do Centro Universitário Curitiba, conforme título conferido pela Instituição em 21/04/2010. Orientadora do Grupo de Pesquisas em Biodireito e Bioética – Jus Vitae, do UNICURITIBA, desde 2001. Professora adjunta IV, aposentada, da UFPR. Membro da Sociedade Brasileira de Bioética – Brasília. Membro do Colegiado do Movimento Nós Podemos Paraná (ONU, ODS). Membro do IAP – Instituto dos Advogados do Paraná. Premiações: Prêmio Augusto Montenegro (OAB, Pará, 1976-1º lugar); Prêmio Ministério da Educação e Cultura, 1977 – 3º lugar); Pergaminho de Ouro do Paraná (Jornal do Estado, 1997, 1º lugar). Troféu Carlos Zemek, 2016: Destaque Poético. Troféu Imprensa Brasil 2017 e Top of Mind Quality Gold 2017.

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